Coleção Centros e Núcleos

No Instituto de Economia da Unicamp, que ao longo de sua história notabilizou-se por interpretações originais sobre o desenvolvimento capitalista no Brasil, boa parte das atividades de pesquisa se organiza em torno de Centros e Núcleos. Nunca houve consenso nem visão única, mas a sintonia e a coerência entre as agendas de pesquisa sempre foi uma das marcas. Com o passar do tempo, o crescimento da instituição e a própria evolução da “ciência econômica”, observou-se tanto um grau muito maior de especialização quanto um alargamento dos temas, abordagens, pontos de vista e métodos de análise. Atualmente, estão ativos no IE uma dezena de Centros ou Núcleos de Pesquisa: CECON, CEDE, CERI, CESIT, NEA+, NEIT, NESUR, NIF, NIHE, NUME (https://www.eco.unicamp.br/comissaopesquisa/centros-e-nucleos)

No segundo semestre de 2020, quando as incertezas com a pandemia de COVID-19 eram enormes, e a vida acadêmica ainda sofria para se adaptar ao funcionamento não presencial, a Direção e a Comissão de Pesquisa do IE, junto com Comissão de Pós-graduação, tomaram importante decisão que agora frutifica. Ouvidos, em encontros remotos com quase todos os Centros e Núcleos, boa parte dos pesquisadores expressava preocupação com o risco de fragmentação e demandava instrumentos para discussão das ideias e resultados de suas investigações, dentro do instituto e fora dele. Para além das formas tradicionais de divulgação, o anseio era por meios que organizassem e – se fosse o caso – ajudassem a integrar o conhecimento disperso que era produzido. Os livros em formato eletrônico agora apresentados para livre acesso, e os seminários de apresentação que se programa para eles, são as primeiras respostas a estas demandas.

O convite feito a todos foi para que reunissem, em coletâneas com um tamanho mais ou menos delimitado, textos que representassem os esforços de pesquisa nos últimos anos. Seis dos grupos aceitaram o desafio, e organizaram as obras aqui apresentadas, formatadas pela Editora CRV e publicadas em conjunto com o IE/Unicamp. Sem amarras quanto a formato, ineditismo ou não dos trabalhos, participação ou estilo, o resultado é revelador da diversidade e da amplitude que nos marca atualmente.

Do ponto de vista das pessoas, conta-se um total de 117 autores ou autoras de 80 capítulos distribuídos por exatas 2105 páginas. Participaram 36 professores ou professoras em atividades no IE, mais da metade do nosso atual corpo docente; acrescidos de oito que permanecem em colaboração com nosso instituto após a aposentadoria. Seis colegas docentes de outras instituições de ensino e pesquisa relevantes também foram coautores de diferentes capítulos, além de 22 doutoras ou doutores pelo IE há pouco tempo, que agora lecionam em diferentes instituições de ensino superior do Brasil ou exterior, mantendo nossas redes de colaboração ativas. Ampliam essa lista oito economistas também pós-graduados pelo IE recentemente (atualmente em pós-doc no próprio IE ou outras atividades de pesquisa/assessoria em diferentes instituições), 28 alunos ou alunas cursando nossos cursos de mestrado ou doutorado, três alunas ainda na graduação e mais seis discentes de outras instituições de ensino, em diferentes níveis.

Quanto aos temas apresentados, o leque é igualmente amplo. Vai de discussões teórico/conceituais, clássicas ou emergentes, até discussões mais históricas ou análises de conjuntura. Trata-se de aspectos da economia brasileira ou internacional, com enfoque macro, setorial ou no processo de desenvolvimento. Há reflexões sobre método em economia, estudos mais aplicados ou ensaios de interpretação; balanços de agendas de pesquisa e também proposições de novos caminhos para reflexão e investigação.

Em suma, a despeito de não dar conta da totalidade dos Centros e Núcleos nem dos temas estudados atualmente no IE, é um excelente retrato do que aqui se pesquisa. Pode ser útil para conhecer de maneira mais precisa o que é a instituição hoje, qualificar melhor certos juízos de valor desinformados, orientar possíveis estudantes interessados na pós-graduação dos nossos dois programas. E, acima de tudo, circular de maneira organizada as ideias e o conhecimento produzidos, para que sejam entendidos, debatidos, criticados, aprimorados. Não é isso o que se espera (e o que justifica a existência) de uma universidade pública?

Conheça e baixe os ebook aqui: https://www.eco.unicamp.br/colecao-de-centros-e-nucleos

Boa leitura!

André Martins Biancarelli

Diretor do IE Unicamp