Notas públicas

A vulnerabilidade dos empregos é também produto de uma série de medidas adotadas por meio da reforma trabalhista de 2017, que facilitou dispensas coletivas, revogando a exigência de prévia negociação com os sindicatos

 

 “Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando?”. A declaração do presidente da República no último dia 4/3/2021, quando a pandemia da Covid-19 adquire no Brasil níveis inimagináveis, mais que uma demonstração de desumanidade e falta de decoro, confirma uma posição enunciada desde o início da pandemia: era preciso arriscar vidas (não importa quantas) para a economia não parar e para que as pessoas pudessem garantir o seu sustento.

Diante da falsa polarização entre direito ao trabalho e direito à saúde, o governo Jair Bolsonaro estaria priorizando a defesa da economia, ainda que ao custo do sacrifício de vidas humanas.

Entretanto, ao contrário do que tem sido propalado, o governo brasileiro falhou miseravelmente nos dois aspectos.

Nós, integrantes da Rede de Estudos e Monitoramento Interdisciplinar da Reforma Trabalhista (REMIR), que congrega professores e pesquisadores do trabalho, nas mais diversas áreas, além de representantes de instituições públicas do trabalho,  estamos estarrecidos com a decisão da empresa FORD de fechar as suas fábricas e demitir milhares de trabalhadores (diretos e indiretos) no Brasil.

No atual contexto de pandemia, é decisão empresarial com fortes traços de desumanidade. Não deixa de ser um escárnio diante do esforço mundial de preservar empregos e a saúde dos que trabalham nos mais diversos países. Prevalece, mais uma vez, a lógica do acionista, desconsiderando vidas inteiras de operários dedicados ao trabalho e à empresa.

 A REMIR – Trabalho (Rede de Estudos e Monitoramento da Reforma Trabalhista) vem a público apresentar duas notas que exprimem o posicionamento da Rede sobre questões de ordem para nossa sociedade, nesse momento em que repensamos parte da nossa institucionalidade e, mais que nunca, precisamos contar com o ativismo e a sensibilidade daqueles que a fazem, para juntos e com respeito a todos e todas, podermos superar o cenário pandêmico fortalecidos enquanto sociedade.