As empresas-plataforma de trabalho não criam novos setores na economia, mas adentram aqueles já existentes. No Brasil, de acordo com estudo realizado com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por Garcia (2021), os/as trabalhadores/as potencialmente ocupados/as em plataformas de trabalho somavam, em 2019, em torno de 4,2 milhões, ou seja, 4,5% do total de ocupados – considerando-se apenas a atividade principal.

Há algum tempo as empresas-plataforma estão se expandindo para além daqueles setores mais visíveis, como os de entrega e de transporte individual, sendo que este espraiamento vem se acentuando com o boom da “sociedade digital”, em função da redução das interações presenciais, decorrente da pandemia de Covid-19. O contexto pandêmico – em consonância com reformas trabalhistas e forte processo de inovação – cria condições favoráveis para o aprofundamento do “Capitalismo de Plataforma”, que depende de uma multidão de usuários/as e de trabalhadores/as.

Por um lado, mais pessoas passaram a utilizar diversos tipos de plataformas em suas interações sociais cotidianas – de lazer, de amizade, de compra, de venda, de saúde -, levando à sua naturalização. Por outro, com a prolongada crise econômica decorrente da pandemia (sobretudo em países governados por “negacionistas”, como no Brasil), muitos/as perderam seus empregos e as perspectivas de reinserção no mercado laboral formal se tornaram escassas, levando à ampliação do “exército de reserva”. Ou, na linguagem das plataformas, de uma multidão de “disponíveis”.

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