Uma razão a mais para se pensar o porquê de a taxa de juros ser tão alta no Brasil
Francisco Luiz C. Lopreato
Os juros elevados e a alta liquidez do mercado monetário tornaram-se partes integrantes da dinâmica da economia brasileira e marcam as relações entre a política monetária, política fiscal e gestão da dívida pública, oferecendo aos investidores condições de conciliarem, sem risco, aplicações de curto prazo e alta rentabilidade.
A atratividade dos títulos da dívida pública restringe a presença dos títulos privados e a capacidade de alongar as aplicações e de garantir o financiamento de longo prazo, uma vez que o risco de abandonar a rentabilidade obtida no curto prazo não compensa o ganho adicional possível.
A oferta de títulos públicos, ao lado do controle de liquidez por meio de operações compromissadas, coloca esses papéis na posição de ativo por excelência do mercado, responsáveis por atrair parte substancial da poupança financeira e garantir altas taxas de valorização.
O resultado é um mercado que se define pela especificidade de assegurar, quase sem risco, a reprodução da riqueza financeira, com níveis de taxas de juros e de liquidez elevados.
O País acostumou-se a viver, mesmo em momentos favoráveis, com patamar alto de taxa de juros básica e estruturar as relações econômicas a partir deste seu elemento constitutivo. A definição da taxa de juros baliza o processo de transferência de renda e favorece os setores com ganhos atrelados à rentabilidade dos títulos públicos.
Leia o Texto para Discussão 327 aqui.