TESE
Autora: Vanessa Criscuolo Parreiras de Oliveira | Orientação: Renato de Castro Garcia
A revisão da literatura que aborda os relacionamentos cooperativos entre universidades e institutos públicos de pesquisa (IPPs) e empresas evidencia que são diversos os fatores direcionadores (drivers) da propensão das firmas a cooperar com esses agentes do sistema nacional de inovação e dos modos de interação universidade-empresa (U-E).
Esta tese traz novos elementos para essa temática por meio da investigação dos relacionamentos cooperativos de pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras. Constitui seu objetivo principal investigar os fatores direcionadores (drivers) da cooperação de PMEs com universidades e IPPs. Além disso, possui como objetivo específico investigar os fatores direcionadores dos relacionamentos de tipo bidirecional estabelecidos entre grupos de pesquisa (GPs) e PMEs.
Tomando como base as informações do Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Censo 2010) e da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego foram estimados, primeiramente, quatro modelos de Poisson truncados em zero para explorar os fatores direcionadores da intensidade da interação U-E de PMEs. Em segundo lugar, quatro modelos de regressão logística foram estimados para investigar os fatores direcionadores dos relacionamentos de tipo bidirecional estabelecidos entre as partes. Esta tese utilizou também o método de estudos de caso qualitativos com a finalidade de elucidar os drivers dos relacionamentos cooperativos de PMEs e proporcionar novas evidências de pesquisa.
Os resultados dos modelos de Poisson truncados em zero mostram que características estruturais e comportamentais das empresas com menos de 500 empregados (isto é, porte, experiência prévia em colaboração e capacidade de absorção), que refletem capacidades internas destas firmas para cooperar com universidades e IPPs, e o acesso ao financiamento público são fatores capazes de direcionar a intensidade das interações destas firmas, implicando um aumento da taxa de interação.
Ademais, sugerem que há especificidades dos fatores direcionadores da intensidade da interação U-E quando essas firmas são categorizadas por faixas de porte. Os modelos de regressão logística evidenciam que características de natureza estrutural das empresas com menos de 500 empregados (isto é, setor de atividade econômica) e o acesso ao financiamento público são capazes de direcionar o tipo de relacionamento entre GPs e PMEs, influenciando a chance de estabelecimento do relacionamento bidirecional.
As estimativas sugerem também a existência de especificidades dos drivers dos relacionamentos bidirecionais entre GPs e PMEs que se relacionam intrinsecamente às faixas de porte das empresas. Os estudos de caso reforçam os resultados dos modelos de Poisson truncado em zero e mostram que a capacidade de absorção da firma, a existência de vínculos (links) prévios e as proximidades geográfica e cognitiva entre os agentes são importantes drivers do estabelecimento e do desenvolvimento dos relacionamentos cooperativos U-E.
Adicionalmente, evidenciam que a elevada capacidade de absorção da firma e a proximidade cognitiva entre os agentes podem estimular o estabelecimento de relações de cooperação a maiores distâncias geográficas. Os resultados dos estudos de caso mostram também a importância do acesso ao financiamento público para a cooperação de PMEs, especialmente quando compreendem maior complexidade e risco.
Baixe a tese completa aqui.