A Direção do Instituto de Economia da Unicamp lamenta profundamente e repudia veementemente as manifestações violentas promovidas por um pequeno grupo de estudantes por ocasião da reunião do Conselho Universitário em 26 de setembro de 2017.
O Conselho Universitário se reunira naquele dia para discutir um conjunto de medidas propostas pela Reitoria para o enfrentamento da mais grave crise econômica a afetar a Unicamp desde a conquista de nossa autonomia em 1989.
Desde o princípio da reunião, vários conselheiros diretores de unidades, representantes dos docentes, dos discentes e dos funcionários, em intervenções firmes, mas respeitosas, reafirmaram os valores que nos unem: a defesa da Universidade Pública, da autonomia, da gratuidade, da inclusão social, da excelência acadêmica, da importância do diálogo e do respeito ao contraditório e da solidariedade que deve nos unir, particularmente neste momento de crise, e sem a qual, inevitavelmente, soçobraremos.
Quando se avizinhava a discussão mais difícil, sobre as propostas de corte das gratificações e do aumento do restaurante universitário, alguns manifestantes invadiram brutalmente o prédio da Reitoria e interromperam o funcionamento da mais alta câmara deliberativa de nossa Universidade. Os Conselheiros decidiram interromper as discussões naquele momento e, simbolicamente, decretaram que o Consu permaneceria em vigília, a evocar que o respeito ao diálogo e ao contraditório e que o fortalecimento da institucionalidade e dos valores que nos unem não poderiam ser ameaçados pela intimidação e pela violência.
Porém, mais grave, a interrupção violenta do Consu não permitiu que as razões e as ponderações dos Conselheiros que haviam se articulado para pedir a retirada de pauta das propostas de corte das gratificações e do aumento do restaurante pudessem vir à tona e produzir o frutífero debate de ideias sobre o futuro de nossa universidade.
Na arena do Instituto de Economia, recebemos na véspera da reunião do Consu, missiva do Centro Acadêmico, endereçada a toda a comunidade, que convocava à paralisação os estudantes, com o uso de piquetes.
Porém, ao invés de vivenciarmos um dia de paralisação que poderia ter mobilizado estudantes em aula e fora de aula, alguns talvez discutindo a pauta do Conselho Universitário, outros, quiçá, assistindo a transmissão ao vivo dos debates, presenciamos um absoluto esvaziamento de nossa unidade neste dia de excepcional importância para os destinos de nossa universidade. Ademais, muitos docentes, funcionários e discentes, legitimamente, nos interpelaram sobre os motivos de piquetes neste dia de paralisação.
Temos a convicção de que a maior parte dos estudantes de nossa universidade não se sente representada pelos amotinados da Reitoria. Temos também a convicção de que o uso da violência de qualquer natureza opõe-se aos princípios e valores que nos unem como comunidade acadêmica.
Reiteramos, mais uma vez, que a defesa intransigente de nossa autonomia – em todos os campos - da defesa da Universidade Pública, gratuita, com inclusão social e excelência acadêmica é a única forma de exercermos com dignidade a tarefa da Educação e de exemplarmente apresentarmos à sociedade como se pode florescer cultivando os valores do diálogo, da solidariedade, da justiça social e do respeito à diversidade, ao contraditório e às posições dissonantes.