Guilherme Santos Mello e Pedro Linhares Rossi
A condução da política macroeconômica no primeiro governo Dilma Rousseff é apontada por vários economistas como a origem da crise econômica que o Brasil enfrenta atualmente. Já a condução da política macroeconômica do segundo governo Dilma, que dá inicio a um plano de austeridade, encabeça as razões para explicar a crise atual na visão de outro grupo de economistas. Diante desta hegemonia da política macro nas interpretações do desempenho econômico, é fundamental compreender a origem, condução e mudanças da política macroeconômica no período, para então avaliar seu impacto nas principais variáveis econômicas, como crescimento, emprego e inflação.
Esse artigo se debruça sobre a política macroeconômica nos governos Dilma. Defende-se a ideia de que em seu primeiro mandato, a política macroeconômica buscou dar soluções para os problemas estruturais herdados pelo modelo de crescimento dos governos Lula e, para isso, estabeleceu-se uma agenda industrialista que buscava estimular o setor privado com base em um amplo conjunto de políticas voltadas para oferta. Já em seu breve segundo mandato, a orientação macroeconômica consistiu essencialmente em políticas voltadas para a contração da demanda doméstica e para o “ajuste” dos preços estratégicos visando manter o grau de investimento, aqui caracterizada como “austeridade”.
Para realizar esta análise, o texto se divide em três partes: Na primeira, será discutida a herança recebida pelo governo Dilma, que impõe a necessidade de adoção de um novo projeto de desenvolvimento para enfrentar os entraves macroeconômicos e estruturais que permaneciam na economia brasileira; na segunda, será realizada uma análise da condução da política macroeconômica ao longo do primeiro governo Dilma, mostrando suas mudanças e resultados; por fim, a terceira seção busca reconstituir a virada para austeridade observada no segundo governo Dilma, suas motivações e impactos. Aponta-se que o fracasso do que se convencionou chamar de estratégia “industrialista” foi seguida pela adoção da “austeridade”, uma das principais fontes da crise atual.
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* - Este artigo reflete a opinião pessoal dos autores.