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Autor: Eugenia Troncoso Leone, José Dari Krein e Marilane Oliveira Teixeira (Orgs)

O presente livro faz parte do projeto “fortalecimento político das mulheres para garantir e ampliar direitos, promover a igualdade no mundo do trabalho e a autonomia econômica”, desenvolvido pelo CESIT/IE/UNICAMP, em parceria com a Secretaria Nacional das Mulheres da Presidência da República e com o movimento sindical.

Vivemos em um país em que a discriminação contra as mulheres, apesar dos avanços, ainda é algo estrutural e continua se reproduzindo na sociedade brasileira. Construir uma sociedade mais democrática e homogênea não significa somente diminuir a desigualdade entre classes sociais, mas também incluir a dimensão de gênero, étnica/raça e juventude. As mulheres representam em torno de 42% da população ocupada.

É visível o aumento de sua importância econômica (também na responsabilidade pelo sustento da família) e o seu destaque profissional em vários setores. Entretanto, a sociedade brasileira ainda revela fortes traços do modelo patriarcal. São comuns as situações de discriminação e de opressão às mulheres, como a violência, inclusive doméstica, além do assédio sexual e do assédio moral no local de trabalho.

A esfera do trabalho reflete valores sociais que atribuem um papel secundário às mulheres e contribuem para a reprodução desses valores, o que pode ser observado através da divisão sexual do trabalho, da segmentação ocupacional, das barreiras ao acesso, à permanência e à promoção no emprego, das menores possibilidades de acesso à qualificação profissional e de ascensão aos postos mais elevados nas empresas.

Além disso, mudanças recentes no capitalismo têm levado a uma tendência à flexibilização do trabalho, afetando de forma diferenciada às mulheres, que significa a exposição a uma situação de maior insegurança e instabilidade. A precarização também tem atingido de forma mais aguda as mulheres. Razões que justificam a formulação de políticas e ações em defesa de ampliação da proteção social das mulheres, contra as desigualdades salariais e as práticas discriminatórias no mercado de trabalho.

De acordo com a literatura não existe um único modelo de pesquisa-ação participante, pois há sempre a necessidade de adaptar a situações concretas existentes, em que se faz necessário considerar tanto os recursos, as possibilidades de envolvimento e de encontro, o grupo, os objetivos almejados, o contexto etc. Por isso, a metodologia construída teve como fonte de inspiração a pesquisa-ação participante, mas o seu desenvolvimento concreto ocorreu dentro do que se julgou mais adequado para os propósitos do projeto em curso, de empoderamento das mulheres, transformadas em sujeitas das lutas e de construção de conhecimento.

A pergunta orientadora da pesquisa foi de como empoderar as mulheres para ocupar o seu espaço no mundo do trabalho, na sociedade e no movimento sindical na perspectiva de superar a divisão sexual do trabalho, oriunda de uma herança patriarcal e machista, que se faz presente também no movimento sindical.

Como o público era de sindicalistas, a delimitação temática foi a seguinte: 1) o estado da arte da elaboração e da discussão sobre relações de gênero nos setores das participantes; 2) diagnóstico sobre o mercado de trabalho, com destaque para a participação feminina na categoria e o perfil das mulheres; 3) o levantamento das relações de trabalho, abordando os conteúdos das relações de gênero e a participação das mulheres nas negociações coletivas; 4) a análise das políticas públicas direcionadas às mulheres e seu impacto em cada categoria; 5) a situação da presença das mulheres no movimento sindical, com destaque a experiências de empoderamento das mulheres e as experiências em que as mulheres conquistaram maior espaço no exercício do poder sindical.